Resenha de Escolho Você, o terceiro e último livro da trilogia Recomeço, da autora brasileira Anny Mendes.
Essa, com certeza, não foi uma trilogia fácil de ler e tentar entender as decisões daqueles personagens, tão intensos, cheios de defeitos e tão... humanos.
Beatrice, uma mulher cheia de traumas, que a fizeram ser independente, mas ao mesmo tempo insegura, incapaz de ter uma confiança capaz de ajuda-la a seguir em frente com sua vida, principalmente depois da morte de Pietro, uma pessoa tão importante na vida dela, que a salvou de seu pior pesadelo.
Já Bryan, um homem que se viu apaixonado por Beatrice, é aquilo que ela mais teme. Uma pessoa descontrolada, impulsiva, que quer ter o controle de tudo, inclusive da vida da mulher que diz amar, além de ser possessivo e tão intenso, que ser agressivo não precisa de muito estímulo.
No entanto, ele é bem sucedido, bonito e incapaz enxergar os próprios defeitos. Jamais encostou um dedo na Beatrice, mas suas atitudes dificultaram e muito para que ela fosse capaz de confiar realmente nele.
Será que, pelo amor que diz ter por ela, Bryan seria capaz de mudar e começar a se controlar?
Será que Beatrice confiaria finalmente nele e tomaria as rédeas da própria vida?
É isso que descobrimos no último livro, em Escolho Você.
Logo no começo do livro, vemos Beatrice tentando ser mais forte, para lidar com as duas empresas e com um Bryan internado em um hospital.
Parecia que as coisas não mudariam muito depois que ele acordasse, afinal Bryan não parecia nada disposto a deixar que ela fosse capaz de comandar a própria vida, mas qual não é minha surpresa em ver as mudanças finalmente acontecendo.
Sim, ele continuou possessivo, ciumento e paranoico, mas Beatrice finalmente começou a enxergar que podia sim ser independente e capaz de cuidar de si mesma e ainda assim amar Bryan ao mesmo tempo. Isso pareceu amenizar esse lado de Bryan, porque agora era mais difícil para ele convence-la de fazer as coisas do jeito dele, enquanto ao contrário... começava a existir também.
Enfim, eles ainda enfrentaram alguns problemas, muitos na verdade, mas o equilíbrio entre o casal parecia começar a ser criado e as mudanças sutis, naturais, contribuíram para isso.
Provavelmente eu não faria a escolha dela de escolher ele, alguém tão instável emocionalmente, mas gostei como as coisas terminaram, com a Beatrice podendo realmente escolher e ser aquilo que ela realmente queria, sem muita intervenção, de ninguém.
Uma boa trilogia, que foi crescendo e melhorando ao longo dos livros, tanto na construção da narrativa quanto na própria evolução dos personagens. Em partes, da para dizer que foi real, até onde da para ir em um romance.
Uma boa trilogia, de modo geral, mas sempre, como vim dizendo desde o primeiro livro, tomando o devido cuidado, para que aqui, na vida real, ninguém confunda amor com agressão, possessividade, submissão, qualquer coisa que anule a independência e a vida de uma das partes. Amor não deve machucar.
Não deixem ninguém decidir suas vida por vocês.
(e não romantizem esse tipo de atitude, por favor!)